Divirto-me a passear no exterior, a apanhar o fresco, a observar o que as leis da física explicam e os comportamentos dos demais passageiros. Encostada a uma das amuradas mais protegidas, evito os chuveiros que as vagas atiram para o convés. Vejo um horizonte aparentemente "horizontal" que contrasta com a pouca verticalidade dos mastros e um paralelismo falso dos varões neste "BlueStar Naxos".
Olho para bombordo e estibordo e numa questão de segundos, o mar azul escuro passa por tonalidades pretas, cinzentas, azul claro, quase sempre recheado de "carneirinhos" brancos. Protejo-me novamente de mais um chuveiro, mas um passageiro desprevenido ao abrir uma das portas apanha com ele em cheio.
Ouço ganir. Uma cadela castanha de seu nome Nina, puxa pela trela enquanto a dona fala ao telemóvel. Aproximo-me, dou-lhe a mão a cheirar. Desconfiada, vem, cheira, e por fim lambe-me as mãos que seguramente sabem a sal. Ficámos amigas. Festas, saltos, lambidelas e dentadinhas, fazem diminuir o tempo de viagem que ainda se faz longo.
O mar amaina, já não acho tanta piada estar no exterior onde de uma forma "segura" desafio as intempéries.
Regresso ao meu lugar no interior, e ao invés, os passageiros parece que saem de uma sonolência dormente e começam a espreitar e a vir passear para o exterior. Já se avista Atenas, a acrópole e outros montes.
Esta parte da viagem já está quase a terminar, novas descobertas, trabalho e lazer esperam por mim nesta capital. Volto à leitura...