terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Aquele lugar em Alcântara

"Aquele lugar em Alcântara" restaurante sem menu, em que o que vem para a mesa é uma surpresa.
- "Há algum alimento a que sejam alérgicos ou não gostem?" esta primeira questão suscita no imediato troca de olhares de curiosidade entre os clientes.
- "O nosso restaurante trabalha sem menu. Consiste em entradas e 4 pratos variados que vos vamos trazendo ao longo da noite."
Risos, perplexidade, e vontade de experimentar o que da cozinha vier é a opinião de todos nós para uma noite de paródia.
Espaço pequeno com 3 salas em que entramos para cada uma delas por diferentes portas na rua. Decoração dos anos 50, 60, 70 e mesmo 80, numa amálgama de objectos que todos nós reconhecemos da casa dos avós, dos pais ou mesmo da nossa casa. Vinis, antigos percorrem as nossas memórias e são tema de conversa e riso para boa parte da noite.
A comida vai chegando desafiando o palato e a curiosidade crescente do que virá no prato seguinte.
Não nos sentimos em nada defraudados. Companhia, comida, decoração, tudo a preceito para uma noite divertida num bairro lisboeta









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sábado, 26 de janeiro de 2013

Silêncio...

Uma cidade outrora ruidosa cai numa paz branca. Flocos de neve flutuavam desenfreados cruzando-se num circuito organizado orientados pelo vento que se fazia sentir. Mas tudo parou.
O silêncio impera, como se a cidade por um espaço de tempo, sustivesse a respiração para observar a brancura que cobre tudo e todos.
O tempo suspenso passa por mim e o meu corpo mexe-se, deliciando os dedos já sem luvas naquela neve, alva, fofa, com um palmo de espessura, que se desfaz entre os dedos demonstrando a sua frágil consistência.
O feitiço termina com o som abafado do rodado de duas bicicletas apanhadas no nevão. Equilíbrio periclitante, luvas, gorro, cachecol, tudo serve para filtrar o ar que nos gela os pulmões. A cidade sai do seu torpor momentâneo e retorna ao bulício do dia-a-dia.
Regresso a casa....


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

X - Olá, Guardador de Rebanhos


"Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"

"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"

"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."

"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."

O Guardador de Rebanhos
Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

Ao que parece existe este site do ministerio da educação brasileiro de onde se pode fazer o download de diversas obras de autores lusos. Vale a pena espreitar: http://www.dominiopublico.gov.br/

domingo, 18 de novembro de 2012

Há mulheres que trazem o mar nos olhos

"Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos

pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma."

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in OBRA POÉTICA (Ed. Caminho, 2010)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

o día que saibamos o que é unha árbore, aquel día non teremos a necesidade de emigrar.


"A árbore é un símbolo do señorío espiritual de Galiza

A árbore é un engado dos ollos, pola súa fermosura;

é unha ledicia dos ouvidos, porque nela cantan os paxaros;

é un arrolador do espírito, porque nas súa ponlas conta contos o vento.

A árbore danos a froita, que é un manxar composto polo noso creador, para regadía do noso paladar: O derradeiro ben que nos quedou do paraíso perdido.

A árbore pídelle auga ó ceo para que a terra teña sangue vida e bonitura.

A árbore danos a sombra fresca no verán e a quentura agarimosa no inverno.

A árbore danos as traves, o sobrado e as portas da casa. Danos o berce, o báculo da vellez e a caixa pra baixar á terra.

A árbore danos o papel barato que nos trai a decotío as novas do que pasa no mundo.

Val máis unha terra con árbores nos montes que un estado con ouro nos bancos.

A calvicie dos montes galegos é unha terrible acusación contra o estado unitario.

As árbores son as minas galegas que nos saberemos explotar cando a nosa terra sexa nosa.

A repoboación forestal será o patrimonio da nación galega e o mellor aforro da colectividade.

Na nosa terra dánse as mellores árbores; o día que saibamos o que é unha árbore, aquel día non teremos a necesidade de emigrar. “

Castelao - Sempre en Galiza 1935




Rosália de Castro - letra
José Niza - Música

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Falta o ombro, o abraço, o toque

Eu sou uma emigrante fajuta porque quando trabalho lá fora são coisas de 2 ou 3 meses e depois regresso. 
Apesar do fascínio e do prazer de trabalhar até hoje em funções que me agradam, em ver e conhecer países que me enriquecem a nível pessoal e profissional, as saudades batem e há momentos de maior solidão e tristeza. 
Mas sem sombra de dúvida, o skype, o facebook e o mail encurtaram a distância de quem me faz falta!!!
Família, amigos e amigas, colegas sempre em contacto através da internet. Nunca imaginei acordar e a primeira coisa a fazer era ligar a net para saber que novidades tinha do lado de cá. Muita conversa skype fiz, chat no facebook e gmail, e assim fui-me sentindo mais próxima dos meus.

A distância física fez-me igualmente aproximar ainda mais de pessoas a quem quero bem e neste momento as relações mantêm-se próximas e vivas como eram no skype. Mas existe uma grande mas grande diferença. O contacto físico. Em países em que o contacto físico entre amigos não é muito comum, em que um abraço, um beijo, um toque no braço ao falar (os mediterrânicos tocam muito uns nos outros comparado com os outros países) não é comum, sinto mesmo a falta do calor humano. 
E foi por isso que quando regressei, dei tantos abraços e beijos. A saudade e a necessidade física desse toque a isso me obrigaram.
Obrigada a quem esteve por cá, em conversa comigo lá, e me deu a sensação de estar novamente em casa apesar da distância que nos separava.

Esta reportagem do Público está muito bem escrita e conta um pouco também esta historia da emigração. Vale a pena ler!
 

domingo, 30 de setembro de 2012

Brincar no mar

O mar exerce sobre mim um fascínio imenso, porém nunca explorei muito as possíveis actividades marítimas além das habituais de praia, com natação e furar de ondas à mistura.
Este ano decidi dedicar-me a outras actividades que supostamente são consideradas de mais radicais e fui ter aulas de bodyboard. Surf poderia puxar demasiado por um joelho que estava enfraquecido e por isso, bodyboard foi a melhor escolha. Por enquanto considero que foi um bom compromisso e consigo conjugar desporto, ar livre, adrenalina e mar.
Nunca tinha imaginado as rotinas e momentos que este desporto nos proporciona. Vestir um fato de neoprene por causa do frio, nem sempre é fácil e imagino que no inverno seja pior pelo frio exterior.  Levar a prancha para junto do mar e onde deixo a chave do carro? e a roupa e os documentos carteira e afins? Tantas dúvidas que nos assaltam no início.
Fazer um aquecimento rápido para preparar os músculos e tendões, meter a prancha na água, esperar pelas ondas, mas antes ler o mar para saber para onde ir, ser enrolada, furar as ondas, bater os pés e a onda foge de nós e por fim apanhar a tão desejada onda. Desengane-se quem pensa que o deslizar é suave. Parece que passamos por uma área cheia de buracos, mas numa velocidade que a mim me parece alucinante.  E é um prazer tão grande estar na água, e brincar e rir e apanhar as ondas e ver uma paisagem que se nos apresenta em terra e no mar diferente da que se vê quando somente se nada no mar.
Já fui  ao por do sol com amigos e amigas e é divinal. Parece que o mar nos pertence e nós pertencemos a esse mundo aquático. Ao nascer do sol, parece que acordamos em sintonia com o despertar suave do nosso planeta. Quem diría que eu, tão acomodada, iría achar tanta piada a este novo estar? Agora que o Inverno está a chegar, que novas sensações, alegrias e medos terei? Brevemente o descobrirei.... :-)


 

domingo, 16 de setembro de 2012

Não tinha cravos mas tinha tachos

(Foto de Tiago Rocha no facebook)

Não tinha cravos mas tinha tachos figura mitica desta manif!"

Saí de casa com alguma curiosidade e emoção pensando como iria correr esta manifestação. Já tinha participado em algumas, mas desta vez foi a indignação e o sentimento forte que alguma coisa era preciso fazer contra as medidas políticas que me fez movimentar.
Metro cheio em direcção ao ponto de encontro, alguns cartazes e todos fomos seguindo caminho para uma incógnita quanto ao número de pessoas que iría participar.
Integrámo-nos no meio da população, com 2 amigas e 2 amigos e lá fomos. Sem atropelos, algumas palavras de ordem. Encontrei alguns amigos e foi bom sinal não ter encontrado mais, pois tal foi indicador da maré de gente que caminhava rua fora.
A minha surpresa, que me fez classificar esta manifestação como especial, foi observar pessoas que não pareciam alguma vez ter participado em manifestações, ali estarem. Ver tanta criança com os seus pais, em que se sentia que era uma manifestação super pacifica de um povo que se une para lutar por algo diferente. Todas as idades presentes, todos em conjunto para que algo mude.
Senti orgulho de ser portuguesa. Senti orgulho e emoção ao ver a senhora da foto, batendo a sua panela, incentivando os manifestantes. Foi a maior ovação na manifestação.

A ver que o que o futuro nos reserva.
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Um retrato não muito bonito....

... de um país que se cala, vê futebol, refila nas redes sociais mas por enquanto pouco mais do que isso. E contra mim expresso esta minha revolta de ser tão permissiva e acatar com medidas que senhores e senhoras "iluminadas" nos impõem....



Amigos argentinos apresentaram-me este grupo "Arbolitos". Eles têm 1 música que toca em alguns pontos nevrálgicos da sociedade, parecendo-me uma boa música de intervenção "Sobran". Aqui fica a letra e o link para a ouvirem.http://www.youtube.com/watch?v=Cs-iz6_lKpc

Falta vergüenza, falta verdad
Falta tu mente en la libertad
Faltan monedas para viajar
Faltan fábricas, falta hasta el pan.

Falta buen día, como te va
Faltan vecinos para matear
Faltan esquinas, falta quemar
Faltan amigos, falta confiar.

Faltan abrazos, falta emoción
Faltan gestos de buen corazón
Falta tu risa, falta el calor
Faltan trabajos, falta un motor

Sobran políticos, sobran políticos
Sobran políticos, sobran políticos

Faltan maestros sin antifaz
Faltan espacios para crear
Faltan canciones, falta cobrar
Falta conciencia, falta estallar

Faltan fueguitos pa´ calentar
Faltan terrenos sin alambrar
Falta respeto, faltan igualdad
Falta un sacudón dignidad

Sobran políticos, sobran políticos
Sobran políticos, sobran políticos

Pero falta poco para que los demos vuelta
Lo mire en tus ojos, no se puede parar
Pero falta poco para que los demos vuelta
Lo mire en tus ojos, esa noche, no se puede parar

Pero falta poco para que los demos vuelta
Lo mire en tus ojos, no se puede parar