quarta-feira, 27 de abril de 2011

Atrás de uma borboleta azul

(Mata Atlântica no Brasil)
Em dia de partida para um mediterrâneo mais profundo, deixo aqui um texto da senadora Marina Silva, com uma sensibilidade para a floresta invejável. Quem me dera que os nossos políticos e decisores tivessem a poesia na escrita e nos corações bem como um pragmatismo orientado por valores ambientais como os que esta Senhora aqui apresenta.
Deixo alguns excertos e depois podem ler o texto integral neste link.

"Tenho pela floresta muito respeito e cuidado. Quem conhece a mata, não entra de peito aberto, mas com muita sutileza. Ali estão o suprimento, a proteção e os perigos. "

"E também o mistério, algo não completamente revelado. Vidas e formas quase imperceptíveis. O encontro, a cada momento, de um cipó diferente, uma raiz, uma textura, uma cor, um cheiro. A descoberta dos sons. Até o vento na copa das árvores compõe melodias únicas, de acordo com a resistência oferecida pela castanheira, a samaúma, o açaizeiro."

"Antes de existir Ecologia como ramo do conhecimento ou ambientalismo como movimento, o sistema da floresta já tinha suas normas, o seu “Ibama” natural, sua sustentabilidade, por meio de um código mítico que funcionava como legislação de proteção da mata e das formas de vida que a habitavam. Não se podia pescar mais do que o necessário, porque a mãe d´água afundaria a canoa. Não se podia caçar demais porque o caboclinho do mato daria uma surra. Não podia matar animal prenhe porque a pessoa ficaria panema, ou seja, sem sorte. E para tirar o azar seria preciso um ritual tão complicado que era preferível deixar o bicho em paz."

"Florestas não são apenas estatísticas. Nem apenas objeto de negociações, de disputa política, de teses, de ambições, de pranto. Antes de mais nada, são florestas, um sistema de vida complexo e criativo. Têm cultura, espiritualidade, economia, infra-estrutura, povos, leis, ciência e tecnologia. E uma identidade tão forte que permanece como uma espécie de radar impregnado nas percepções, no olhar, nos sentimentos, por mais longe que se vá, por mais que se aprenda, conheça e admire as coisas do resto do mundo. "

O texto que Marina escreve, deixa-me de alma cheia e parto com mais esperança num futuro sustentável, amigo do ambiente, sem ter saudosismo do passado, sendo pragmática e talvez como diziam acho que os Trovante, com saudades de um futuro. Um que seja mais risonho e justo. Temos que fazer por isso!!

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