sexta-feira, 27 de abril de 2012

Silêncio


Esta terra tem uma escala que se pode considerar avassaladora. Nos países com paisagens extensas e pouco compartimentadas eu costumo ter esta sensação, e na Nova Zelândia senti um silêncio que nos cala o interior.
Apesar de já ter visto bastante avifauna e mamíferos, não sei se é pelo frio, se pelo vento se por sei lá o quê, o silêncio impera nas paisagens.
São os lagos, as montanhas, as neves e os rios, a chuva que cai miudinha, o prazer de ver 2 pinguins a regressarem a praia e uma foca lentamente e desajeitadamente a regressar ao mar, tudo me faz ter calma deixando para trás o lufa lufa do dia a dia.
O Outono aqui chegou para ficar, anunciando um Inverno frio. As cores onde imperam os laranjas, amarelos ou castanhos sobre o verde, são intercaladas pelo azul dos lagos, ou pelo branco das montanhas. Aqui o meu "chip" que espera pela Primavera e chegada do Verão, por vezes sente-se confuso. Para que vejam, comprei um mapa estelar para o hemisfério sul, e tenho que pensar, em que mês estou. Não é automático como seria de esperar.
Porém a calma impera e vou-me regalando com paisagens que alimentam a alma. Não é de admirar que tenham vindo aqui filmar o "Lord of the Rings".




terça-feira, 24 de abril de 2012

Cidade resiliente

Christchurch sofreu em 22.2 de 2011 um sismo com intensidade de 6.3 de magnitude. O centro da cidade ficou quase todo destruído e conversando com a população, percebemos que a dimensão não só física mas também humana foi avassaladora.
A nossa sensação ao caminhar pelas ruas, com estradas cortadas, prédios a serem demolidos, casas antigas e novas com o aviso de demolição é que estamos num cenário de guerra. Em algumas casas com aviso de demolição, imagina-se uma vida familiar que já lá não está, ao observarmos pelas janelas cortinas, armários com pratos e  chávenas partidas, mobiliário variado e o que se possa imaginar numa casa com vida que teve de ser abandonada rapidamente e para sempre.


Esta desolação contrasta com a recuperação, reconstrução e animação de uma parte logo a seguir à zona vedada, onde se encontram cafés, lojas, bancos entre tantos outros serviços que procuram voltar a dar vida ao centro da cidade. Esta é a razão pela qual chamo a este post cidade resiliente. Apesar do evento catastrófico, é preciso voltar a dar vida e normalidade ao centro da cidade. Um trabalho interessante de arquitectura paisagista embeleza o espaço que envolve os contentores que abrigam as tais lojas e serviços. Músicos tocam, turistas e locais calcorreiam estes caminhos, dando normalidade e rotina a um espaço que a perdeu e pouco a pouco a vai recuperando.




quarta-feira, 18 de abril de 2012

Hei konei ra



Ainda não parti, mas não falta muito. Desta vez decidi ainda ir mais à aventura do que é meu costume e em vez de alugar um carro e ficar em residenciais e afins, aluguei uma casa com rodas.
Vai ser interessante voltar a conduzir no outro lado da estrada, percorrer fiordes, glaciares, florestas frondosas, paisagens deliciosas, com uma casa atrás, maneirinha, mas com o essencial. A ideia é parar para dormir nos parques de campismo para poder tomar duche e tratar da higiéne pessoal com um pouco de mais cuidado, e sentir-me de alguma forma mais segura, mas ao mesmo tempo ter a liberdade de percorrer caminhos, nunca antes percorridos, por mim claro está.
O trabalho tem sido tanto por cá, que ainda não tinha tido verdadeiramente tempo nem espírito para ansiar e vibrar com a minha estadia de mais de 2 meses na Nova Zelandia. Agora que o tempo foge, os relatórios estão quase terminados, os preparativos acumulam-se e já começo a sentir o nervoso miudinho de quem vai viajar e o prazer, ou melhor dizendo, o enorme prazer que tenho em descobrir paisagens novas, gentes diferentes e desafios emocionantes. Este é mais um que a vida me proporciona e quero agarrá-lo e usufruir com toda a disponibilidade e abertura requerida.

"Hei konei ra" - até breve em Maori

segunda-feira, 9 de abril de 2012

De pernas para o ar

Brevemente estarei nas nossas antípodas, ou bem, quase quase que não quero parar no meio do mar da Tasmania.
Era giro se conseguisse escrever aqui de cabeça para baixo, mas duvido.
Até breve, com as próximas letras já do outro lado do mundo.