domingo, 26 de abril de 2009

Revolução dos cravos

Para mim, o dia 25 de Abril significa o regresso à liberdade. Nunca senti a falta desta pois tinha poucos meses quando um grupo de portugueses disse "basta!" ao regime fascista em vigor.
Pelo que me contaram, nesse dia, andava eu ao colo da minha mãe, bem longe de Lisboa no Norte, com um rádio em forma de cachorrinho, que permitia enquanto se faziam compras saber o que se passava na capital.
Ontem para celebrar, decidi descer a Avenida da Liberdade. Diversos cartazes e faixas reivindicavam mudanças políticas, apresentavam forças partidárias, etc. De alguma forma fiquei triste por esta sectarização, pois na minha opinião, a caminhada, o desfile, a marcha ou lá como a quisermos chamar, deveria era demonstrar a alegria e a união de podermos viver este tempo de liberdade. Mas é exactamente por termos tido a revolução dos cravos que eu posso discordar do que vejo e falar livremente, bem como todos os movimentos sociais se possam manifestar, esteja eu de acordo ou não... ainda bem que não somos todos iguais, porque se não era uma monotonia bem chata!! Felizmente vi e convivi com bastantes cidadãos que somente estavam por ali a celebrar, tal como eu.
Av. da Lisberdade, Lisboa, 2009





Terminada a marcha com os discursos e a "Grândola Vila Morena", fui até ao Quartel do Carmo, visitei 2 exposições (disponiveis até 3 de Maio) bastante interessantes, uma dedicada a D. Nuno Álvares Pereira (vai ser hoje canonizado) e outra que versava sobre o 25 de Abril. Valeu mesmo a pena!!

O post já vai longo, mas deixo aqui a letra de uma canção de intervenção que gosto bastante e sabem que mais:
25 de Abril Sempre!!!!

Somos livres (uma gaivota voava voava)

Ontem apenas
fomos a voz sufocada

dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei

mastigando desespero.


Ontem apenas

fomos o povo a chorar

na sarjeta dos que, à força,

ultrajaram e venderam

esta terra, hoje nossa.


Uma gaivota voava, voava,

asas de vento,

coração de mar.
Como ela, somos livres,

somos livres de voar.


Uma papoila crescia, crescia,

grito vermelho

num campo qualquer.

Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia

"quando for grande

não vou combater".

Como ela, somos livres,

somos livres de dizer.


Somos um povo que cerra fileiras,

parte à conquista

do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,

não voltaremos atrás.


Letra e música: Ermelinda Duarte

2 comentários:

maruja, livre como a gaivota disse...

...mas foi uma marcha/desfile/manifestação alegre e animada, independentemente da forma como ali nos apresentavamos (integradas/os ou não num grupo); todos e todas, a desfilar ou simplesmente a assistir na berma da avenida, todos e todas celebrámos a Liberdade (as liberdades conquistadas e as que pretendemos ainda conquistar).
É como dizes, a Liberdade passa também por esta diversidade de formas de pensar e sentir Abril.
Para mim, 25 de Abril é um cravo que não murcha, nunca!
Obrigada pelo Abraço e pelas fotos.
Obrigada também pela recordação da cantiga da ermelinda duarte - ainda me lembro de a trautear,às cavalitas do meu pai, enquanto desfilava naquelas que foram as minhas participações activas nas Manifs. que surgiram logo após a revolução!

Pé na estrada disse...

é verdade!!! E o que digo aqui não se prende com o teu movimento, mas sim com os partidários, onde os seus slogans eram pura propaganda eleitoral...
Bem, viva a diversidade e o 25 de Abril!!!!